A República da Guiné-Bissau foi ontem, mais uma vez, palco de violência. Desta vez tratou-se de ataques bombistas durante a madruga e manhã. No Estado Maior General das Forças Armadas do país uma violenta explosão pôs termo à vida do chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), general Baptista Tagmé Na Waie. Poucas horas depois era assassinado, na sua residência, o presidente da República, “Nino” Vieira. Em Moçambique o chefe de Estado, Armando Guebuza, evidenciando grande nervosismo e emoção já condenou o assassinato do seu homólogo “Nino” Vieira. Em Lisboa, Mário Soares, comentando a morte de “Nino” Vieira disse que se tratava de um homem muito violento que acabou com violência. Um velho ditado reza que “quem com ferro mata, com ferro morre”. Vieira fora deposto com um golpe de Estado mas voltou ao poder anos depois. A viúva de Nino e familiares estão refugiados na Embaixada de Angola em Bissau. Os militares em Bissau já declararam que não está em curso qualquer golpe de Estado e garantiram que a ordem constitucional continuará a ser respeitada. A situação na Guiné-Bissau foi já dada como estando sob controlo depois dos distúrbios que culminaram com o assassinato do Presidente João Bernardo "Nino" Vieira e do chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), general Baptista Tagmé Na Waie, mas a população continua muito instável e receosa dos próximos desenvolvimentos. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general Batista Tagme Na wai, e o presidente, foram ambos assassinados em atentados com intervalo de poucas horas, na madrugada de segunda-feira. Ambos ataques não foram reivindicados, mas está claro que pelo menos o ataque que vitimou “Nino” Vieira pode ter sido uma retaliação de militares fieis ao general Na wai. No atentado à bomba no Estado-Maior, que causou a morte do inimigo assumido de Nino Vieira, resultou também a morte de outras 5 pessoas e um ferido em estado grave. Numa entrevista dada há uns anos atrás pelo general Na Waie, este acusou “Nino” Vieira de o ter mandado torturar com choques eléctricos nos testículos. Pouco depois do assassinato do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o paradeiro do presidente João Bernardo “Nino” Vieira, foi dado como desconhecido mas não tardou que a sua morte fosse também confirmada. Segundo relatos, militares leais ao chefe do Estado-Maior assassinado terão invadido a residência presidencial e assassinado Nino Vieira, mas esta versão ainda não foi oficialmente reconhecida. Houve várias explosões em Bissau. O estrondo mais forte deu-se de madrugada no quartel do Estado-Maior, mas a casa de Nino Vieira foi parcialmente destruída com outras explosões e posteriormente foi pilhada por populares. Depois de uma recente tentativa de golpe de Estado frustrado a 23 de Novembro do ano passado, durante um ataque a sua casa engendrada por soldados amotinados na tentativa de afastar “Nino” do poder, mais uma vez esta segunda-feira a cidade de Bissau virou campo de batalha. Disparos de armas ligeiras e explosões fizeram-se ouvir próximo da casa do presidente. Como causa são citadas as rivalidades entre o presidente “Nino” Vieira e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Batista Na Wai mas não está posta de parte a hipótese das acções terem sido suscitadas por cartéis de droga existentes na Guiné-Bissau envolvidos com lobbies presidenciais e militares. A Guiné-Bissau foi nos últimos anos palco de vários golpes de estado e actualmente é considerada um ponto estratégico de trânsito de droga proveniente da América do Sul, e que a partir dali é canalizada para os vários quadrantes da Europa e outros continentes. Actualmente tem a servir de placa giratória carteis de droga instalados e nos quais se afirma que estão envolvidos vários interesses, designadamente alguns de oficiais das forças armadas. O fecho das duas rádios e da televisão nacional foi ordenado pelos oficias do exército na sequência da situação que se desenrolava. De acordo com o porta-voz das Forças Armadas, Samuel Fernandes, as estações foram encerradas para permitir maior segurança dos jornalistas. Numa das rádios o porta-voz disse: “para vossa segurança devem encerrar as estações”. O mesmo porta-voz também afirmou que se vai perseguir e capturar os perpetuadores dos ataques. Em resultado dos ataques bombistas o Conselho de Ministros daquele país reuniu-se de emergência com oficiais das Forças Armadas. Depois do encontro o primeiro-ministro elogiou o espírito patriótico dos militares. “O EMGFA recomenda às populações a manterem a calma e a evitarem o abandono das suas residências para se refugiarem nos países da sub-região", sublinha uma nota publicada em Bissau. No documento, o EMFGA reafirma o seu compromisso e firmeza em obedecer às instituições republicanas democraticamente eleitas. A nota foi assinada pelo capitão de fragata José Zamora Induta, vice-chefe do Estado-Maior da Marinha. Segundo a nota, uma comissão de chefes militares foi criada imediatamente "para gerir a crise". Mas alguns cidadãos comuns contactados em Bissau afirmaram unanimemente que "a situação não está de modo algum sob o controlo dos militares que deram conta da fuga dos próximos do (falecido) presidente Vieira que estão a ser procurados". Relativamente à situação, em geral, os principais eixos rodoviários da capital estão cercados pelos militares, enquanto os estabelecimentos comerciais, bancos e as fronteiras se mantiveram fechados até ao fim da tarde de segunda-feira. Nas ruas da capital, a circulação é escassa e as populações são obrigadas a andar a pé, refere um despacho da PANA. O presidente Nino Vieira nasceu em 1939. Figura chave na luta armada contra o regime colonial Português, foi ele que proclamou a independência da Guiné, em 1973, mesmo antes do derrube do regime fascista em Portugal. Em 1980 Nino subiu ao poder através de um golpe de estado, como chefe das Forças Armadas. Em 1994 vence as primeiras eleições multipartidárias do país. Em 1999 é derrubado depois de ter demitido o Chefe do Exército, Assumane Mané que depois viria a ser assassinado pouco depois de Vieira ter reassumido o poder, ao regressar em 2005 do exílio para vencer as eleições presidenciais.
Fonte: Canal de Moçambique

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